Demolidores Cruzados - 2


Zinkt de Howerheck é um daqueles anões revolucionários que literalmente deixou sua terra natal com uma idéia de mudar o mundo da maneira que pudesse. Seus conterrâneos o consideravam no mínimo esquisito, pois dificilmente o coração de um anão se volta para o mundo da superfície e Zinkt sempre sonhara com isso e além.

Zinkt sabia o quanto ele não pertencia ao mundo dos homens e o quanto eles literalmente precisavam seu sua ajuda. Ele imaginava formar um grupo de pessoas que não se encaixavam em nenhum dos nichos da sociedade. Pessoas que assim como ele não eram humanos, mas que abandonaram suas casas em busca de algum significado no mundo dos homens.

Em um dado momento de sua vida ele percebeu que havia alguma coisa estranha acontecendo com o mundo ao seu redor, mas que nunca era mencionado pelas pessoas. Era um fenômeno um tanto quanto no mínimo esquisito e os sinais estavam por todas as partes, nos quatro cantos do mundo.

Em suas andanças pelos reinos ele conheceu diversos tipos de pessoas que se organizavam em coletivos, informalmente se relacionavam para criar coisas grandiosas que pudessem impactar o mundo de uma forma positiva.

Zinkt então percebeu que havia coletivos de todos os gostos e tipos, mas nenhum deles representava aquilo que ele desejava fazer, nenhuma deles representava aquilo que ele imaginava ser capaz de ter um impacto profundo na sociedade de uma forma positiva.

Então ele conheceu Áquila, capital de Arthania. Uma metrópole doentia e caótica, atormentada pela violência e mesmo assim abarrotada de gente apressada vivendo suas vidas em busca de um futuro melhor. Mas, no meio de tanta gente foi que ele se sentiu mais solitário e perdido, pois ninguém ali estava em busca de nada que não lhe trouxesse algum ganho material.

Zinkt então percebeu que não podia mudar o mundo inteiro com suas idéias e muito menos resolver os problemas sociais de Áquila. Então ele resolveu criar espaços alternativos que junto com outras pessoas experimentariam um jeito novo de viver, com suas próprias regras e com isso tentar influenciar outros também.

Sua idéia principal era difundir seus ideais revolucionários criticando principalmente o individualismo que era a regra fundamental da sociedade. Mas ele queria uma coisa interessante que despertasse o interesse das pessoas não apenas protestando, mas alterando diretamente o todo. Suas idéias questionavam diretamente a arte, a política e a economia, mas Zinkt não perdia tempo fazendo discursos. Ele agia.

Ele começou a combater o crime na cidade de Áquila e isso lhe trouxe notoriedade e infâmia ao longo de sua jornada. Ninguém tinha provas concretas de seus feitos, mas todos sabiam ou já tinham ouvido falar ao longo dos anos de um anão solitário que existia nas sombras das ruas de Áquila. Principalmente os chefes do crime organizado.

Mas sua fama ou infâmia também lhe trouxera muitos amigos, alguns dos quais ele lhe faz questão de estimar até os dias atuais. Foram os primeiros a fazerem parte do coletivo por ele intitulado Os Demolidores que buscavam fazer justiça em Áquila segundo suas próprias regras.

Um Ranger Meio-Elfo solitário, Um jovem soldado arthaniano, dois pequeninos halfttis trapaceiros, um caótico bárbaro Meio-Orc e um excêntrico feiticeiro élfico. Estes eram os Demolidores, mas eles não destruíam nada além de idéias e padrões de comportamentos violentos. Eles combatiam violência com violência. Este foi o coletivo mais improvável que se teve notícia nos balcões das tavernas e nos subterrâneos das facções criminosas, mas nem todos eram idealistas como Zinkt. E a amizade que os unia foi vencida pelo ego e a rivalidade entre seus membros.

Zinkt sabia que pessoas sozinhas não costumavam fazer grande diferença e ele nada fez quando cada um decidiu partir para outra vida, em busca de seus próprios ideais, mas então propôs uma ultima jornada. Um feito que selasse com chave de ouro os três anos de existência dos Demolidores, algo que marcasse profundamente não só seus integrantes, mas que pudesse ecoar ao longo dos anos para que influenciasse outras pessoas a agirem também.

Então como que se o destino conspirasse a favor de seus ideais, a cidade de Áquila foi atacada novamente por um exército de dragões em mais uma das centenas de vezes dos seus 1370s de história. Juntos eles lutaram contra a tentativa de tomar a cidade e arriscaram suas vidas por um povo que no mínimo os odiava e nem sequer desejavam que existissem e dos corpos dos dragões eles descobriram relíquias poderosas.

Desejo. Poder. Ganância. Isso era o que havia naquelas esferas mágicas que eles retiraram dos corpos dos dragões. Três foram elas. Zinkt sabia tanto quanto os outros membros que a existência das três esferas deveria ser mantida no mais absoluto anonimato. Elas chamavam-se Ovoluns, eram artefatos verdadeiros de lendas de um passado muito antigo.

Mas o que mais intrigou a todos eles foi o fato de que elas só apareceram nos corpos dos dragões que Heian Ruína de Dragão matara. Todos os outros dragões nada possuíam. Essa estranha relação nem sequer foi mencionada no grupo, mais por respeito ao amigo do que por qualquer outra coisa. Mas, Diock Sub’Azzerroze exigiu respostas, pois os dois não eram lá muito amigos e tudo o que jovem soldado arthaniano encontrou foi ódio e a lâmina do Meio-Elfo.

E assim o coletivo tão sonhado por Zinkt de Howerheck se desintegrou. Com uma terrível briga entre seus membros e o segredo do paradeiro das três Ovoluns enterrado juntos com todas as cinzas da cidade que se reconstruía. Desde então cada um seguiu seu rumo e nunca mais voltaram a se falar.

Mas Zinkt sabia que alguma coisa estava para acontecer esta noite, pois assim como dez anos atrás quando descera junto com Heian as ladeiras das ruas de Áquila em direção a taverna dos dois pequeninos halfttis a cena se repetia novamente.

O Meio-Elfo, o ex-demolidor mais preferido por ele estava de volta. Uma onda de entusiasmo percorria seu corpo. Diock Sub’Azzerroze também estava de volta na cidade e tornara-se soldado novamente nas tropas arthanianas. Talvez os outros estivessem por perto também.

Ele sabia no fundo de seu teimoso coração que alguma coisa estava para acontecer.

Uma coisa grandiosa...

Comentários

  1. MUITO INTERESSANTE ME INDENTIFIQUEI COM ZINKT PRINCIPALMENTE EM UMA DE SUAS OBSERVAÇÕES:Mas, no meio de tanta gente foi que ele se sentiu mais solitário e perdido, pois ninguém ali estava em busca de nada que não lhe trouxesse algum ganho material.

    HELLEN AMARAL
    VIDA LONGA!!!!

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