Demolidores Cruzados - 4


Áquila, 4 de abril de 1380.

A realidade que você conhece não existe. Isso talvez possa te incomodar, mas ela é apenas uma idéia consensual manifestada por toda humanidade. O tempo todo existe pessoas que na surdina alteram a realidade que você conhece e você nem ao menos percebe, pois aquilo que você não conhece não pode lhe ferir. E você nem de leve não conhece a verdadeira realidade. E acredite! Existem seres neste mundo exclusivamente atentas para que você não perceba nada.

Eu mesmo vivo entre todos vocês, mas nem por isso vivemos no mesmo mundo. Eu enxergo a verdadeira natureza por trás das sombras da ignorância coletiva. Eu muitas vezes já alterei sua realidade enquanto você caminhava pelas ruas no vai e vem do dia a dia e você nem percebeu. As sombras da ignorância em que a humanidade está mergulhada nada mais são do que um produto manipulável, abstrato e consensual.

Quando minha opinião sobre seu mundo choca-se com sua realidade criamos nossos paradoxos. Eles me afastam cada vez mais de todos vocês que passam suas vidas consumindo essa mentira que vocês chamam de realidade. Eu tenho o poder de alterar aquilo que todos vocês vêem, mas quando forço meus olhos contra a realidade que todos vocês observam eu vejo que estou sozinho nas trevas de minha própria iluminação.

Somos poucos os despertos. Eu mesmo já lutei pela igualdade, pela liberdade e pela esperança, mas a grande maioria dos adormecidos que são todos vocês, preferem continuar suas vidinhas medíocres enterrados nesta mentira que vocês chamam de livre arbítrio.

Neste momento em que da janela do ultimo andar de minha torre eu observo a noite que cai sobre este aglomerado de edifícios repletos de homens ignorantes como você eu sinto que deveria estar lá fora, libertando outros a verem a verdade por trás dessa realidade abstrata. Mas, vocês me chamariam de louco e pediriam para que eu saísse de dentro da caverna onde todos vocês preferem viver. Se vocês soubessem que tudo o que vocês acreditam não passam de sombras refletidas contra uma fogueira...

Heian, Zinkt e Diock Sub’Azzerroze neste momento perambulam pelas ruas de Áquila até meu encontro. Eles procuram respostas. Eles querem saber quem é Helm Castelo Cinzento. E você? Acha realmente que se eu tentar explicar alguma coisa eles entenderiam?

Eles perceberam por muita sorte que alguma coisa esta errada com a realidade que eles conhecem. Perceberam que dois seres vindos do mesmo lugar, com o mesmo sobrenome, com o mesmo passado não são a mesma pessoa. E ao mesmo tempo são. Mas e quando eu lhes disser que tudo não passa de uma questão de ponto de vista, de ter força de vontade para enxergar através daquilo ao qual eles estão acostumados? Eles me entenderiam? Não!

É por isso que poucos homens dominam aquilo que vocês chamam de magia, o que outros em outros lugares chamam de tecnologia. O que nos permite alterar sua realidade, controlar a energia e a matéria ao seu redor é apenas nossa ínfima capacidade de enxergar a verdade que você não vê. Nossa mente despertar é o que altera aquilo que você chama de Universo Profundo.

Quando Helm foi tentado pelos Tecnomagos a deixar este mundo através do suicido eles quase conseguiram que ele despertasse. O suicido ao qual ele estava sendo submetido era simbólico, eles só queriam que ele assassinasse sua incredulidade, sua humanidade, mas Helm buscava respostas carnais. Ele buscava mais uma das mentiras contadas por aqueles que assim como eu controlam e altera tudo o que você vê. E Helm tornou-se mais um produto comercial da grande mídia por trás de tudo o que você vê. E tudo que você não vê.

Heian não procura por respostas, eles já as encontrou. Ele vem aqui para ter certeza que não está louco, que não esta a beira da esquizofrenia. Mas você já imaginou como ele ficara quando souber que existem diversas cópias de todos nós espalhadas por todo o Multiverso? Que toda a realidade de nosso universo nada mais é do que apenas mais uma das cordas vibrantes de um emaranhado de dimensões como um novelo de lã? Será que a existência das Supercordas faz diferença na vida dele? Duvido!

Assim como você ele nada entendera...

Mas, uma coisa eu lhe garanto. Alguma coisa muito errada aconteceu com nosso Multiverso. Teoricamente seres “adormecidos” como Zinkt e Diock Sub’Azzerroze não poderiam ter visto Heian e Helm cruzarem suas vidas no mesmo universo, na mesma realidade. Eles conseguiram ver uma realidade assim que ela foi alterada e isso gerou um paradoxo. Eles perceberam que a realidade como os outros conhecem não existe e agora eles não vivem mais no mesmo mundo que os outros ao redor. Agora eles são “despertos” em relação ao resto da humanidade “adormecida” em ralação ao próprio Heian Ruína de Dragão.

E você então se perguntara como é que eles “despertaram” assim tão acidentalmente? Na verdade as Ovoluns têm o poder de iluminar aqueles que vivem nas trevas. É por isso que aquelas entidades que vocês chamam dragões lutam diariamente para manter seres como todos vocês “adormecidos”. Zinkt e Diock Sub’Azzerroze são transgressores da realidade e como tal serão cassados assim como Helm foi em uma das muitas cordas do Multiverso.

O ponto médio da história que unifica os dois universos ao qual Heian e Helm pertence é uma constante, e essa constante chama-se Zinkt e Diock Sub’Azzerroze, e se essa constante for eliminada o paradoxo termina. E para que o Ovolun continue a manter as aparências eles devem ser eliminados. O controle não pode ser abalado.

Por isso, que neste momento em que eles chegam até a porta de minha torre eles nem imaginam que os dragões a serviço do Comando Ovolun estão a caminho de Áquila mais uma vez. Em mais uma das muitas vezes em que foi preciso que interferissem para manter os transgressores da realidade novamente nas trevas.

Mas aí é que eu entro na história. Eu sou Zook Tarrur e você ainda verá muito falar de mim de agora em diante. Eu devo apresentá-los ao Universo Expandido que os rodeia e como um autêntico “Demolidor Cruzado”, devo guiá-los em direção a aniquilação desta realidade distorcida que os rodeia.

Preparem-se para despertarem.

A grande batalha começa agora...

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