Helm Castelo Cinzento - 3

Áquila, 1380.
TEMPLO VOADOR.

Helm não tinha a menor idéia do que havia acontecido assim que acordou sob a escadaria de um magnífico Templo Voador, muito menos entendeu o que era a devastadora batalha sob as ruas da gigantesca metrópole de Áquila ao longe. Ele sabia que eram atrás dele que as aeronaves chamadas Dragões de Guerra estavam, e não descansariam enquanto não dessem cabo de sua existência. Havia algo diferente em seu âmago, uma autoconfiança nunca antes sentida.
Os Dragões de Guerra que destruíam a metrópole pareciam sentir sua presença e isso perturbava seus sentimentos que não sabiam muito bem como reagir à situação. Havia fogo e fumaça por todos os lados, estava difícil para respirar e os corpos carbonizados estendiam-se por todos os lados das ruas lá embaixo. Era uma frota dos Demolidores Cruzados.
Helm sentia um poder crepitando nas entranhas de sua alma, era algo inexplicável e parecia aumentar cada segundo em que permanecia na frente do templo, ao lado direito do penhasco diante de uma pequeno mar. Então, Helm sentiu um terrível zumbido agudo dentro de sua mente que lhe jogou de joelhos ante a gigantesca porta de metal do templo a sua frente. Ele não tinha a menor idéia da fonte que emitia o terrível zumbido, mas fosse o que fosse Helm sabia que era uma espécie de chamado, pois seu corpo sentia necessidade de ir ao encontro do sinal silencioso. Onde será que a Bruxa Verdejante estava? E aquele hospital Geral em Áquila? De lá pra cá como ele chegará até ali? Como ele havia chego até tudo isso na verdade?
Olhando para todos os lados, não havia nem sinal da Bruxa Verdejante com o OVOLUN. Ele se levantou segurando a cabeça que latejava e tentou olhar para a porta do templo a sua frente e então suas mãos começaram a inflamarem-se em chamas púrpuras, mas elas nada lhe fizeram. Ele sentiu que o poder que parecia crepitar em seu âmago desejava se libertar e através de suas mãos, e uma poderosa coluna de chamas irrompeu de suas mãos explodindo sobre a gigantesca porta de metal despedaçando-a templo adentro.
Ao mero sinal da manifestação do poder de Helm, uma sirene soou por toda Áquila, a Cidade-Entidade voadora, cercada por uma muralha intransponível feito de OVOLUNITA, o metal mais poderoso de todo o Multiverso, e Dragões de Guerra que faziam a varredura pelos céus da cidade-alienígena, localizaram o alvo sob o templo voador. Vendo tal cena, Helm decidiu entrar no templo pelo menos para se esconder da morte iminente. Ele não entendia porra nenhuma que estava acontecendo, a realidade não se aprecia nada com isso, era como se ele pertencesse a este lugar, mas ao mesmo tempo parecia uma lembrança, uma realidade projetada talvez. Seria o OVOLUN?  
O interior do templo revelou-se como um gigantesco salão de audiências com um trono tecnológico sob um altar ao fundo, era um templo dos Demolidores Cruzados, o braço armado da religião da Deusa Hakis. Parecia que o lugar há muito tempo não era utilizado nem mesmo pelos membros da ordem ao qual ele deveria pertencer, pois não havia o menor sinal de que alguém ainda participasse de quaisquer cultos no local. Helm sentiu a dor em sua cabeça aliviar conforme ele adentrava o longo salão, no fundo de sua mente ele sabia que em algum lugar deste templo ela se extinguiria totalmente, pois o que ele acreditava é que algo o estava conduzindo ao seu próprio encontro.
Havia diversos pilares que sustentavam o teto da entrada ao fim do salão e eles haviam sido esculpidos em uma forma que havia diversas gravuras de Gigantes lendários contra Dragões épicos em batalhas colossais. Helm estava encantado com a perfeição de cada escultura, pois pareciam perfeitas demais para terem sido feitas por meros mortais.
Em seu transe pela aula de história que lhe era ensinada pelos pilares do templo, Helm nem percebeu que chegara ao fim do longo caminho até o altar onde se encontrava um trono tecnológico, cheio de engrenagens, luzes e botões. Foi só quando ele se deparou com uma intensa luz negra que era emanada de uma estátua de um Gigante atrás do trono, é que ele se deu conta que a dor que lhe afligia havia sido extirpada.
Era a estátua de um Gigante das Estrelas, um dos primeiros seres a pisarem no Planeta Hakis, que vieram do mais profundo Multiverso em Naves-Mãe para colonizarem os planetas do máximo de sistemas planetários que pudessem, na floresta de Inaradrinn próximo ao Templo dos Demolidores Cruzados, também havia uma estátua igual a essa. Seu porte era majestoso, a estátua de tamanho real possuía quase cinco metros de altura. O tórax da estátua estava desnudo deixando a mostra toda sua completude física extraordinária. Sobre sua cabeça um elmo cobria-lhe a face conferindo um aspecto cadavérico, sua mão esquerda empunhava uma lança longa enquanto sua mão direita empunhava um grande escudo com o brasão dos Demolidores Cruzados, que na verdade era apenas um triangulo.
Quando Helm olhou diretamente os olhos da estátua a aura púrpura emanada se intensificou e suas mãos novamente explodiram em chamas. Parecia que era ela quem despertava tudo isso que havia dentro dele de uma forma que Helm sabia que todo esse poder crepitando em suas entranhas desejava ser consumido pela estátua.
Sem poder controlar o que estava prestes a acontecer, Helm deixou que todo o poder que percorria seu corpo se libertasse novamente e então uma terrível coluna de chamas de chamas explodiu de suas mãos atravessando todo o templo e explodindo sob a estátua. Os Dragões de Guerra já estavam próximos e tiros e mísseis mágicos estavam sendo disparados a reveria despedaçando tudo ao redor do Templo voador. Muitas explosões faziam o templo tremer. 
A detonação da estátua arremessou Helm com uma violência devastadora enquanto suas vestes hospitalares. Por um momento o pânico tomou conta de seu ser, pois as chamas que consumiam suas vestes não queimavam sua pele.
Ele então estava nú e enquanto ele caminhava por entre as chamas e a fumaça em direção a estátua seu corpo parecia estar protegido magicamente. Nada disso faz sentido, pensou Helm. Pelos pedaços de escombros das paredes do templo os Dragões de Guerra sobrevoavam a ilha voadora e eram uns dez Dragões, de cada um deles dois Gigantes de Guerra saltaram, liberando mais quatro soldados, totalizando oitenta soldados que cercavam o local onde Helm se encontrava. As sirenes estavam ligadas, era o COMANDO OVOLUN, a sua procura, a procura da emanação do seu OVOLUN. Mas como isso seria possível se ele não tinha óculos algum?
Quando ele chegou até a estátua do lendário Gigante, ela estava intacta a não ser apenas por um buraco em seu peito onde dentro dela repousava um óculos de realidade virtual púrpura, Helm tinha certeza ser a coisa mais magnífica vista em sua vida. O desejo de possuí-lo tomou conta de seu ser e assim que ele esticou sua mão para pegá-lo uma voz gutural como o crepitar de um poço de ácido invadiu o templo através das chamas:
― Não toque nisso Helm Castelo Cinzento! ― ordenou o Dragão de Ácido que se encontrava a frente do templo.
― Ele me pertence e sempre me pertenceu Dragão miserável! Agora sei o que é que me chamava durante todo esse tempo. Agora eu sei qual era o encontro destinado a mim nesta cidade! ― vociferou Helm segurando  o óculos mágicos em suas mãos enquanto uma espiral de energia negativa envolvia seu corpo através da dele.
O Dragão soprou ácido na direção de Helm para impedir que a transformação iminente se completasse, mas já era tarde e seu sopro fora dissipado sem muitas dificuldades pelo ser de energia negativa que agora se encontrava a sua frente. Uma aura púrpura emanava do corpo de Helm, ele havia colocado o óculos mágico em sua cabeça.
Malévolo Verdejante deu um passo para trás.
Helm havia sido possuído pelo DARK OVOLUN.

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